Se você trabalha com criatividade, com certeza já conhece ou morre de medo desse “fantasma”. O temido bloqueio que chega do nada e parece que não vai mais embora, ficando cada vez mais forte e te deixando cada vez mais improdutivo e ansioso. Bom, se isso já aconteceu com você tenho uma notícia: você é normal.
Trabalhar com criatividade, seja como artista visual, escritor, músico, ou qualquer atividade que necessite de inspiração, é algo completamente diferente de outras atividades, digamos, convencionais. Enquanto um contador, professor ou analista de dados sabe exatamente o que precisa fazer, e só precisa colocar em prática os conhecimentos acumulados ao longo da carreira, o criativo precisa quase que diariamente “inventar a roda”. Para o quadrinista, por exemplo, cada página é uma situação a ser resolvida de forma diferente, um universo novo, uma mensagem a ser passada. Todos esses fatores somados são subjetivos e pouco palpáveis para ser encaixados em métodos e processos.
Antes que me xinguem: não estou desmerecendo nem diminuindo o trabalho desses profissionais que citei como exemplo. É óbvio que todo profissional passa por desafios diários e precisa rebolar para enfrentá-los e resolvê-los da melhor forma possível. O meu ponto é que para quem trabalha com criação isso é a essência da profissão, e não um aspecto pontual, ou mesmo recorrente. Cada trabalho, cada decisão, cada desenho ou fala escrita, tem que ser resolvida de maneira única, diferenciada, criativa. Não existe uma cartilha ou manual pra se consultar. É óbvio que existem livros teóricos, inclusive sobre criatividade. Mas o conteúdo é muito mais inspirador do que pragmático. Não tem como ser de outra forma.
E, coincidentemente ou não, os criativos normalmente tem um agravante: a ansiedade. Não acho que seja uma coincidência, pois todo o contexto que citei no último parágrafo causaria ansiedade em qualquer um. Isso somado à uma rotina vai enchendo o copo, gota a gota, até que uma hora transborda. E você trava. Esse é o temido bloqueio. Quando a vontade de criar e a inspiração estão ali, mas são suprimidas pela ansiedade de resolver tudo de forma impecável, de fazer o melhor trabalho da sua vida. E vendo dia a dia o prazo se esgotar, essa situação só piora. É uma bola de neve.
Mas felizmente existem métodos pra se lidar com esse monstro. E se existe algo bom na idade, é a experiência. Já sofri muito com bloqueios, a ponto de passar mais de uma semana sem conseguir dormir e nem produzir. Hoje, volta e meia ainda acontece comigo. E vai acontecer pro resto da vida, eu tenho certeza. O segredo é você se conhecer, entender o que te causa ansiedade e criar artifícios para fugir dela. Mais importante que isso: descobrir o que te relaxa, o que te faz sair desse modo tenso. Um filme, um jogo de videogame, um livro, um passeio com o seu cão. Varia de pessoa pra pessoa, mas todo mundo tem um botão de desligar. Se olhar pra dentro com cuidado você vai descobrir o seu. E quando se desliga, a mente relaxa, e o copo dá uma esvaziada. E assim vamos vivendo dia após dia.
Outra coisa importantíssima e que me ajudou muito é conhecer o seu processo: quais partes do seu trabalho exigem mais de sua criatividade e quais são mais mecânicas, e encaixar isso no seu fluxo criativo, de acordo com a sua rotina.
O que? Não sabe como funciona o seu fluxo criativo?
A gente conversa sobre isso outro dia, prometo 😉
Gabe Teixeira