Dizia eu no post anterior que a história “Herói” publicada na primeira edição da revista “Marmita” foi a inspiração pro Coleira. A ideia de um personagem que apesar das limitações cria coragem pra fazer o que é certo sempre me cativou.
Lembro de uma entrevista de um dos meus maiores ídolos, Roberto Gomez Bolaños, onde ele apontava como sendo o seu personagem Capolim Colorado um herói muito maior do que os outros. Diante do chiste do entrevistador, ele explica: “Sim, porque é muito fácil ser um herói quando se tem superpoderes e não precisa sentir medo. O verdadeiro herói é aquele que diante das dificuldades supera o medo e enfrenta os desafios. E assim é o Chapolim”. Essa visão do mestre Chespirito me fez repensar toda a minha opinião sobre os heróis.
Nessa mesma época eu estava bastante envolvido com a questão dos animais. Havia participado de alguns eventos com ONGs da minha cidade e presenciado alguns resgates. A vida toda tive bichos em casa e não imagino uma vida plena sem eles. Mas nesse período eu pude perceber de perto a real situação dos animais abandonados, ou dos que sofrem maus-tratos.
Foi então que a história do Coleira começou a se formar. Um dia sentei com um caderno nas mãos e escrevi cerca de 20 páginas, vomitando tudo que eu sentia a respeito daquele tema, pensando em como aquilo poderia ser transformado em uma HQ. Essa história é bem diferente daquela que vocês conhecerão mais pra frente, mas a essência era a mesma: Um cara comum que ama os animais e que decide lutar por eles com as armas que tem.
Quanto terminei esse primeiro esboço percebi que tinha algo interessante, mas não sabia bem o que era. Decidi então que precisava contar pra alguém a minha história. Alguém que pudesse me ajudar a transformar aquilo em algo real.
É nesse ponto que entra na história o meu amigo e parceiro de muito tempo Eduardo Coleone. O Dú é professor de Língua Portuguesa e um escritor talentosíssimo. Já havíamos trabalhado juntos em alguns projetos, como sua coluna de crônicas que tive o prazer de ilustrar por vários anos. Nessa época o Dú já morava em São José do Rio Preto e as nossas conversas eram normalmente por mensagens de texto ou áudio. Disse a ele então que marcássemos uma reunião por Skype porque tinha uma ideia que precisava mostrar pra ele. E assim fizemos.
Fiz uma leitura do meu texto capenga, morrendo de vergonha, e assim que terminei a reação dele foi: “Velho, vamos fazer!”. A partir de então passamos pensar juntos, melhorar os pontos fortes, lapidar os fracos e aos poucos transformar a história no que ela é hoje. Inclusive o nome “Coleira” foi o Dú quem sugeriu. Na versão inicial eu havia usado o nome provisório “Vira Lata”, esquecendo completamente do cão homônimo da Hanna-Barbera. Primeiro ponto crucial dessa parceria.
De lá pra cá, esse projeto foi evoluindo lentamente, cozinhado em banho-maria, esperando o momento de ver a luz do dia. E isso aconteceu ano passado, um oásis de esperança no meio a um ano caótico.
Quer saber como? Cola aí semana que vem 😉
Gabe Teixeira